Vai, devolve meu formato Que hoje o meu sapato Já não cabe em mim Vai, me alforria o peito Que hoje a cruz no leito Rasga o meu cetim
Vai, renova o guarda-roupa Que hoje a carne é pouca Pra tanto algodão Vai mas saiba, sobretudo, Que hoje o sobretudo Arrasta pelo chão
Vai, me autoriza o riso Que hoje eu só preciso De mais circo e pão Deixa eu me esquecer da história Me concede a glória De outra encarnação
Vai, que esse meu corpo roto Agora é só um porto De injúria e dor Submerge nossa nau perdida Pra que eu nem consiga Relembrar da cor
Vem, reforma minha alma Remodela a calma Com pedra-sabão
Vem, me reconstrói a cara Em pedras de carrara Me remenda a construção
Vem, vê se suporta o fardo Que hoje o mesmo dardo Crava um peito ateu Vem e me estanca a tempo Que esse sangramento Ainda é sintoma teu
Compositor: Vinicius Bezerra de Castro (Vinicius Castro) (UBC)Publicado em 2010 (20/Mai) e lançado em 2010 (31/Jul)ECAD verificado obra #4068280 e fonograma #1937332 em 21/Abr/2024 com dados da UBEM