Partiu na madrugada, Sem se deixar fazer cancao. De mao aberta se fez à estrada, Tracando sonhos pelo chao. «Nesta cidade faz sempre frio» Disse o taxista que a apanhou, Sem reparar no olhar vazio E no corpo que o habitou.
Da janela ve-se Um lugar bem melhor. Esta casa, Esta esquina, Ou seja onde for. âTenho que pararâ- pensou, E tentou nao dormir.
O silencio louco da cidade Apanhou-a desprevenida. Entrou num bar em tons de roxo E no azul de uma bebida. Atravessou o rio Uma ultima vez, Pela ponte inexistente. Foi encontrada junto ao cais, Vestindo uma nudez diferente.
Agora ja tens tempo Para rir das estrelas, Como gostavas E fazias com elas. E nos cinemas, Era a tua voz no ecra. Uma bandeira, Uma maneira De beijares a manha.