Ali onde nem sombra da cruz e da capela restara Onde existia um pequeno arranchamento de casas O tropeiro João José de Barros chegara
Terra de férteis pastagens e boas aguadas Onde se estabeleceram os primeiros ranchos Por falta de madeira abandonaram moradas
Quando a noite caía E o mate de mão em mão O velho tropeiro dizia: "Lá no alto havia uma cruz"
Desbravadores a domar a terra e o gado Em carretas de bois, duas léguas ao Sul À custa do trabalho escravo ergueram povoado
O senhorio escravagista aqui assentado No pastoreio, na agricultura Nas concessões, sesmarias Coronel Pilar fizera o primeiro traçado
Quando a noite caía E o Minuano soprava com força O velho tropeiro dizia: "Lá no alto havia uma cruz"
Da derrubada dos bosques da futura Capoeira Dos primeiros casarões na Praça da Matriz Aos poucos a aldeia adquiria paisagem altaneira
O primeiro sobrado, a primeira olaria As bodegas espalhadas na Rua das Carretas A capela oficializara a fundação da freguesia
Quando a noite caía E a saudade varava no peito O velho tropeiro dizia: "Lá no alto havia uma cruz"
À margem dos caminhos Onde o homem branco tropeia Espantando os índios e as feras das redondezas Nas verdes savanas onde o gado pastoreia
A sinfonia dos galos a perturbar O silêncio do prado O Minuano cortante gemendo nas noites frias Tingindo de terra vermelha o velho casario caiado
Quando a noite caía Num manto de escuridão O velho tropeiro dizia: "Lá no alto havia uma cruz"
Compositores: Felipe Teixeira de Mello (Felipe Mello) (ABRAMUS), Henrique MadeiraPublicado em 2021 (15/Set)ECAD verificado obra #41170907 e fonograma #46033214 em 14/Jun/2024 com dados da UBEM