Eu sô aquele boizinho Que nasceu no mês de maio Desde que nasci no mundo, ai Foi só pra sofrê trabaio
Meu pai era um boi turuna Que nasceu num sapezá Seu nome era Barbatana Por sobrenome de Marruá
Quando eu tava de ano e meio Já fizero amansação Em vez de amansá no carro, ai Amansaro de carretão
Carreiro que me guiava Era um mulato pimpão Me dava co pé da vara E chuchava co ferrão
Me dava co pé da vara Só fazendo judiação Eu preguei uma chifrada, ai Que varou no coração
Veio o meu patrão e disse Vou mandá esse boi pro corte Não trabaia no meu carro, ai Boi que já deve uma morte
Eu tava no arto da serra E avistei dois cavalheiro Com dois laço na garupa, ai E dois cachorro perdigueiro
Pois era o senhor patrão Que vinha me visitá E o marvado carnicero Que já vinha negociá
Adeus campo da Varginha Terreno dos ananáis Os zóio que me vê hoje, ai Aminhã não me vê mais
Eu entrei no matadô Nem achava mais saída O mió jeito que tem É entregar a minha vida
E o marvado carnicero Já correu afiá o facão Pra largá uma facada, ai Bem certa no coração
Botei meu juêio em terra Só pra vê sangue corrê E o marvado ca caneca, ai Inda aparava pra bebê
Mas já fiz minha promessa Pra quem meu côro tirá Que o mundo dá muita vorta E sem camisa há de ficá
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
Compositor: Raul Montes Torres (Raul Torres) (UBC)Editor: Bandeirante (UBC)Publicado em 2006 (10/Abr) e lançado em 1987 (10/Mai)ECAD verificado obra #36982 e fonograma #1036793 em 08/Abr/2024 com dados da UBEM