Sobre a cabeça os aviões Sob os meus pés, os caminhões Aponta contra os chapadões, meu nariz
Eu organizo o movimento Eu oriento o carnaval Eu inauguro o monumento No planalto central do país
Viva a bossa, sa, sa
Viva a palhoça, ça, ça, ça, ça
O monumento é de papel crepom e prata Os olhos verdes da mulata A cabeleira esconde atrás da verde mata O luar do sertão
O monumento não tem porta A entrada é uma rua antiga, Estreita e torta E no joelho uma criança sorridente, Feia e morta, Estende a mão
Viva a mata, ta, ta
Viva a mulata, ta, ta, ta, ta
No pátio interno há uma piscina Com água azul de Amaralina Coqueiro, brisa e fala nordestina
E faróis Na mão direita tem uma roseira Autenticando eterna primavera E no jardim os urubus passeiam A tarde inteira entre os girassóis
Viva Maria, ia, ia Viva a Bahia, ia, ia, ia, ia
No pulso esquerdo o bang-bang Em suas veias corre muito pouco sangue Mas seu coração Balança a um samba de tamborim
Emite acordes dissonantes Pelos cinco mil alto-falantes Senhoras e senhores Ele pões os olhos grandes sobre mim
Viva Iracema, ma, ma Viva Ipanema, ma, ma, ma, ma
Domingo é o fino-da-bossa Segunda-feira está na fossa Terça-feira vai à roça
Porém, o monumento É bem moderno Não disse nada do modelo Do meu terno Que tudo mais vá pro inferno, meu bem Que tudo mais vá pro inferno, meu bem
Viva a banda, da, da Carmen Miranda, da, da, da da.
Compositor: Caetano Emmanuel Viana Teles Veloso (Caetano Veloso) (UBC)Editor: U N S (UBC)Administração: Warner (UBC)Publicado em 2015 (21/Out) e lançado em 2015 (27/Nov)ECAD verificado obra #12636412 e fonograma #12231607 em 11/Abr/2024 com dados da UBEM